O gelo
e o ódio
O ódio é amargo. Sua presença é dolorosa. Teu cheiro é ruim.
Teu ar, gélido.
Você esperou o
momento certo, a pessoa certa, as
palavras adequadas e o ponteiro exato. Depois
de anos veio visitar meu coração doente. Você veio me mostrar que a vida não é tão
contente. Veio me dizer que não mereço ter um pai presente. Mas sua visita não durou
tempo o suficiente, tempo para que os suas
intenções endurece- se o meu coração sofrido.
Fui agiu. Sabia, talvez. Ao
sentir sua presença, me assustei. Fugi. Caminhei até a janela. Esquentei meu café
amargo. E olhei para aquele céu azul breu. De fundo uma musica a tocar. Vozes
chorosas como trilha sonora daquela
novela devastadora, a qual eu e você participávamos.
Um gelo em forma humana e três corações ardentemente
chorosos. Claro, que esses quatro elementos não podem viver na mesma corrente, viver
no mesmo lar. Não há soluções químicas o
suficiente neste mundo que consiga fazer
o gelo e o fogo andar de mãos dadas. Não
há laços entre o amor e o ódio, não há junção entre a harmonia e o egoísmo.
Por isso meu amigo, gelado. A porta é a serventia da casa.
Ah, e, por favor, leve o ódio que você trouxe
a mim na sua mochila. Ambos não me
fazem bem. Talvez em algum entardecer,
nós se esbarremos por ai.
Esbarremos-nos para que , você caia. Caia, e quebre este
coração de pedra gélida. Que este
esbarrão destrua todo o egoísmo, indiferença e a falta de compaixão, que existe
nesse coração que aliás, parece mais uma
geladeira.
Que em alguma data de agosto, você se lembre de que em sua
vida existiu quatro pequenas chamas de amor em seu caminho, há qual o único intuito
deste fogo era derreter este homem de
gelo que aos poucos você se tornou. Rezo, para que dia as chamas do amor volte
brilhar em seu caminho, fazendo deste
homem gelado ser quente e agradável como um fogão a lenha.
Juliana Stefany